quinta-feira, 16 de novembro de 2017

A ET vai aos Abutres!!! Capitulo 1

Eu sei, eu sei, tenho andado depré, mas não se preocupem, não estou suicida. Vou à prova, mas no modo caminhada/apoio. Vai ser espetacular voltar àquela serra que eu adoro… O problema vai ser o stress, porque o meu marido vai aos 30km dos Abutres…

Vou aproveitar para abordar um tema que fica muitas vezes esquecido em muitos blogs running que sigo, o apoio das mulheres/namoradas/amigas coloridas, dão nas provas e os stresses e peripécias porque passam (principalmente quando acompanhadas por filhotes)…

Ahh e nem venham com coisa do tipo “ET, e os maridos/namorados/amigos coloridos??? Eles também apoiam e têm stresses…”
TRETAS!!!

Então, a minha entrada para este mundo louco do running deveu se ao meu marido. Ele começou a treinar com um amigo e de um momento para o outro deixei de estar com ele. Durante a semana treinava e aos fins de semana ia a provas. Eu fazia as minhas caminhadas e acabei por me juntar ao grupo para ter motivo de conversa com o marido, mas comecei pelas caminhadas, porque correr é parvo, pensava eu. Acho que é algo que tooodddaaa a gente, que nunca experimentou correr, pensa…

Depois de experimentar fiquei viciada.

A primeira vez que fui acompanhar o gajo a uma prova (felizmente não me inscrevi) foi ao Louzan 1000, em 2016. Foi a primeira vez que estivemos na serra na Lousã. Foi amor à primeira vista. É uma serra linda, verde, com cascatas de agua por todo o lado, ficamos mesmo apaixonados…
Nesta prova tem que se subir 1025m em 8.5km. Parece fácil, não é?? Nem de carro é fácil, quanto mais a correr ou a andar…



Os atletas partem do Hotel Palácio da Lousã (lindo, lindo, lindo) e a chegada é no ponto mais alto da serra, em Trevim (deslumbrante a paisagem).

Palácio da Lousã

Bonito



Quando chegámos à Lousã no dia anterior e começamos a subir a serra de carro é que o gajo se apercebeu da dificuldade da prova… E eu fiquei cheia de medo, porque tenho pavor a conduzir em estradas estreitas de dois sentidos com falésias brutais… Principalmente quando a filhota vem no carro…




No dia da prova o gajo achou que não valia a pena levar os bastões que o L (o líder do nosso grupo de running) sábiamente emprestou e aconselhou a levar… Sim para quê levar bastões para uma prova onde se sobe 120,6m por km??? Era excesso de peso, de certeza!!! Então os bastões ficaram no quarto do hotel, a descansar…

Quando partiram confesso que fiquei com um pouco de inveja. Assim que consegui peguei na miúda e metemos nos no carro para começar a subir a serra até Trevim.




Ainda mal tínhamos começado a subir, quando nos mandaram parar. Era a passagem dos atletas que nem 1 km deviam ter feito… O nosso carro era o primeiro, por isso eles passavam à nossa frente. De repente aparece o gajo à nossa frente. Ponho me a apitar que nem uma louca, e ele olha para nós com um ar de quem já estava nas ultimas e grita, desesperado:

“OS BASTÕES, OS BASTÕES, ESTÃO NO CARRO????”

“NNOOOPPPP, FICARAM NO HOTEL!!!” – Gritei eu.

A cara de desapontamento do gajo… Xiiii. Lá esboçou a custo um sorriso para a miúda não ficar triste, e desapareceu.

E nós lá começamos a subir, devagar, devagarinho… Quem vinha atrás e com pressa, azares, querem ir depressa, arranjem uma autoestrada!!!!

Passado, sei lá quanto tempo, chegámos ao topo da serra, Trevim, com as ventoinhas eólicas e uma vista brutal. Lá ao fundo até se via a serra da Estrela que estava com o topo branquinho (a prova foi em Março)…

Paisagem brutal

Lindo


Coloquei me num ponto estratégico para o ver a chegar, e esperei… E esperei… E esperei…

- Oh mãe, quando é que o pai vem???

- Deve estar mesmo a chegar. Senta te ai que eu já te chamo…

E esperamos, esperamos, esperamos…

-Maaaaeeeeeee, estou farta de esperar…

E passa o senhor com o cão, o senhor com evidente excesso de peso, a senhora com evidente excesso de peso, e do gajo nada…

Cão atleta e o seu dono

-Maaaaaaaaaaaaeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee??????

Bolas… Será que aconteceu algo ao gajo. A ansiedade e preocupação…

- Maaaaaaaaaaaaeeeeeeeeeeee!!!! QUERO FAZER XIXI!!! – Grita a mini ET!!!

Porra até os veados ficaram a saber que ela precisava de fazer xixi… E agora o que é que eu podia fazer??? Não havia WC, nem sequer um arbusto decente para o servicinho. E claro, ela é uma menina da cidade, que só sabe fazer xixi em sanitas, sabe lá agachar se e fazer o serviço sem se sujar toda…
Quando pego nela para procurar um local adequado, eis que vejo o gajo lá em baixo. “Olha o papá!!”

-ESTOU AFLITINHA, NÃO AGUENTO!!!

Ahhhhhh ansiedade, preocupação, felicidade, irritação, frustração… Tudo numa fracção de segundo… Aguentas pois, tens que passar na meta com o papá!!! Nem sei como, mas aguentou e passou a meta com o pai sem grande stress, porque nenhum deles conseguiu correr até à meta…
E depois pego nela e eis que consigo arranjar um espacinho e é claro xixi por todo o lado…


O gajo foi quase o ultimo a chegar e trouxe um amigo com ele, um pau que fez de bastão. As fotos dele na prova são um fartote, porque parece o pastor com o seu cajado…

Orgulhosa do meu gajo!!

12 comentários:

  1. ahah muito bom. Da minha parte não há qualquer despreza pela epopeia que é acompanhar uma prova, acredita! Até já pedi várias vezes à minha mulher para escrever um texto sobre isso. Para nós, o caso mais extremo foi nos Alpes. A minha prova durou 44 horas e ela estava com um miudo com 6 meses e uma de 3 anos! Mas acredita, para quem lá vai dentro, vale OURO! Boa sorte nos Abutres, para os 2! Infelizmente desta vez fiquei de fora.

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    1. A tua mulher deve ter histórias brutais!!! Pede lhe pf para as escrever!!

      Nos Abutres vou nas calmas, mas sempre preocupada com o gajo...

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  2. Força para os Abutres!
    E que bela história ;)

    Beijinhos

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  3. Ha ha ha ha! Lembro-me bem dessa prova e do cajado. Foi muito bom!
    Curioso que ainda ontem falei contigo sobre este assunto antes de ler o teu post. Telepatia. :) ***

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  4. Ahh o famoso cajado...

    É verdade. Sintonia.

    **

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  5. Que história! Realmente o apoio que vem de fora é brutal para quem corre e as mulheres/maridos, namoradas/namorados ou amigas/amigos que se disponibilizam para este papel, muitas vezes com tantos percalços, demonstram inequivocamente o que é gostar de alguém :)

    Força e boa sorte! :)

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    1. É verdade. Nas fogueiras senti o poder do apoio. É meio caminho andado para completar a prova.
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  6. Acho que há histórias de ambos os lados :) Eu já apoiei, e já fui muito apoiada. E isso vale mesmo ouro!

    Boa sorte para os Abutres :)

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    1. Há muitas histórias. Tenho que contar a minha história (com a mini ET) na maratona de Lisboa. Não fiz a prova, mas acho que fiquei mais cansada que o gajo...

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  7. Muito bom :) ... é de enorme valor este tipo de apoio para quem vai "lá dentro", ganha-se asas e carrega as baterias. E é de louvar os esforços, especialmente as longas horas à espera, porque é tudo muito bonito, as paisagens e tal, mas durante algum tempo ... e isto quando as condições climatéricas estão favoráveis ... a mini ET e o xixi ... hehehehe ... se der na ET graúda um dia tb terá de se desenrascar ;)
    Boa sorte para os Abutres ... olha o equipamento pró frio ;)

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    1. A ET desenrasca se... O pior é quando temos os miúdos aborrecidos e com necessidades fisiológicas urgentes...
      Já estive horas à chuva, ao frio e tenho um monte de escaldões à conta disto... Falta me a neve :) que estará para breve, porque o gajo anda louco...
      As borboletas dos Abutres já voam na minha barriga. Gosto tanto daquela serra, só tenho pena não ter ainda preparação (coragem) para o trail. Vamos ver se em 2019 ganho coragem...
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