terça-feira, 28 de novembro de 2017

Desabafos...

Às vezes fico farta de ser ET... 

Só queria ser normal, fazer coisas normais, sentir como uma pessoa normal...

Queria poder dizer que não vou correr porque me doí o joelho, como uma pessoa normal. Mas como sou ET, não corro porque me deu uma dor estranha que ninguém consegue explicar...

Queria poder dizer que me doí a cabeça porque não bebi café, como uma pessoa normal. Mas como sou ET, doí me a cabeça porque passei a manhã a chorar por causa das etzisses...

Queria poder dizer que não estou a melhorar na minha corrida porque não treino, como uma pessoa normal. Mas como sou ET e nunca vou deixar de ser a ultima nos treinos, nas provas...


Estou farta, cansada, de estar sempre a receber más noticias... Quando tudo parece encaminhado, eis que aparece outra etzisse, porra...



terça-feira, 21 de novembro de 2017

Maratona de Lisboa 2017 - Apoio ao Gajo (aka marido)


 Mantendo o tema do apoio que as mulheres/namoradas/amigas coloridas, dão nas provas e os stresses e peripécias porque passam (principalmente quando acompanhadas com filhotes), vou aproveitar para contar como foi a minha primeira maratona…

Calma, calma a ET não correu os 42 e qualquer coisa kms da maratona, fiz bem mais de carro, metro, comboio e muito a pé, com a mini ET, também conta, não??
Só não passei na meta e não recebi um geladinho (ao contrário da mini ET e de muitos “atletas” que vi no comboio).

No dia anterior tínhamos combinado tudo. O meu grande “problema” era a mini ET que está numa fase pré adolescente e anda impossível, não quer fazer nada. Consegui alicia la com a passagem na meta com o pai, que é algo que ela ainda adora fazer.

Fizemos uns cartazes e tudo…

Foi o único cartaz que sobrou 


O dia começou bem cedo. Os nervos estavam à flor da pele. Era a primeira maratona do gajo. Fiquei sempre com a ideia de que ele não tinha treinado o suficiente, alem disso uns dias antes tinha andado a ler sobre o que podia acontecer a quem corre uma maratona (era só desgraças)…

Acho que nunca tinha ficado tão nervosa, nem para uma das minhas provas…

E lá fomos nós de carro para Lisboa. Levei a minha mala de trail que é bem grande e dá para encher com o que precisava para o gajo e para a mini ET. Uma t-shirt seca, um saco para pôr a t-shirt suada do gajo, garrafas de água, bolachas, bolinhos, mel, marmelada e géis para o maratonista, ou para alguém que precisasse...

Deixei o carro no Saldanha e toca a apanhar o metro até ao Cais do Sodré, para apanhar o comboio das 9. A ideia era ir a meio da prova, por volta dos 21km, em Carcavelos. O metro estava apilhado de malta para os 21km. Chegamos ao Cais do Sodré mesmo a tempo, tive que obrigar a mini ET a correr um bocadinho para ultrapassarmos os turistas que só empatavam. Tadinha ela vinha ainda meio a dormir… O percurso para Carcavelos foi pacifico q.b. …

- Maaaeeee faz me festinhas na cabeça!!!!!

- Maaaeeeeee falta muito????

- Maaaaeeeeeee tenho fome!!!!

- Maaaaaeeee tenho sede!!!

Felizmente lá chegamos… Da estação até à marginal ainda são uns 700m e eu estava com medo de não apanhar o gajo…

Chegadas à marginal ficamos num ponto estratégico, a seguir à rotunda e esperamos. Não estava a passar muita gente. Eis que passa o N, um colega que foi o desafiador do gajo para a maratona. Foi também a primeira maratona dele, e acabou aquilo em 3h17m (e foi nas calmas, estava com receio de puxar muito e depois não aguentava)…

- Maaaaaeeeeeeeeeee, o pai?????

- Maaaaaeeeeeeeeee, falta muito???

- Maaaeeeeeeeeee, estou aborrecida!!!

Aguenta coração

Deixei-a a jogar no telemóvel e fui para a rotunda, que é um pouco elevada. E esperei. Parecia uma maluquinha a olhar para a frente e para trás, para ter a certeza de que a mini ET não me desaparecia.

Esperei, esperei… Estava pronta, com a tshirt seca na mão e o bolso da frente da mochila cheio de géis… Esperei com a barriga cheia de borboletas, e eis que o vejo. Faço sinal para a pequena:

- O pai vem aí, prepara o teu cartaz!!!

Foi tanta a emoção, principalmente quando ele me viu e começou a sorrir. Ai a lágrima marota… É nesta altura que percebo que valeu a pena acordar cedo e fazer estes kms todos. Aquele sorriso valeu por tudo… E o sorriso orgulhoso da mini ET, sem preço…

Então ponho me a correr ao lado dele (nestas alturas até bato records de velocidade e resistência), ele tira a camisola encharcada em suor e eu dou lhe uma seca e cheirosa e os géis para o resto da prova. 

Trocamos umas palavras, ele vem bem.

- Vou tentar estar nos 30km, e na meta. Boa prova e diverte te!!!

E deixo o ir…

Pego na min ET e vamos de volta para o comboio. Começo a estudar o horário… No caminho para Carcavelos tinha estado com atenção para conseguir perceber qual seria a melhor estação para o apanhar por volta dos 30km. Ao mesmo tempo que dava atenção à mini ET, falava no chat com um amigo que me ia indicando onde seria o melhor local para parar, e ia vendo a app da maratona no telemóvel. Decidi arriscar tudo e parar em Algés. Tinha receio de não ter tempo para estar na meta.

No comboio ia muita gente com dorsais, não quero ser má língua, mas houve muito boa gente que fez parte do percurso de comboio. Não consigo entender isso, como é que essa malta tem a lata de andar a gabar se de fazer uma maratona??? Dormem bem à noite??

Bem continuando, lá paramos em Algés. E esperamos… Connosco veio uma francesa que estava também em Carcavelos a apoiar o pessoal a gritar:

Allez, allez, allez!!!

Em Algés também lá estava. Tínhamos um limite para estar em Algés, ou corríamos o risco de não estar a tempo na meta.

Tinha ouvido tanta gente a falar do homem da marreta, que achei que devia de estar a apoiar o gajo na zona dos 30km.

Estava um calor abrasador (a maratona foi no fatídico dia 15 de Outubro) e a mini ET estava cheia de calor.

- Maaaaaaaeeeeeeee tenho calor!!!

- Maaaaeeeeeeeeeee quando é que chega o pai??

- Maaaaaaaaaaaeeeeeeeeeee &%%&/&#&%/()/(//(&(%&&/%/(%/&&#$#!!!

Chegou a uma altura que já não ouvia nada…

- Vamos ver se o pai vem aí!!

O tempo estava a passar e resolvi andar para trás para ir de encontro a ele, alem de que estava calor demais para ficarmos paradas.

- Maaaaaeeeeeee tenho calor!!!!!

- Maaaeeeeeeee vais muito depressa!!!

- Maaaaaaaeeeeeeeeee doem me os pés!!

- Anda lá, vamos buscar o pai!!!

Já tínhamos andado uns 500m quando o vemos, e novamente o sorriso. Bolas, valeu mesmo a pena. E lá fomos as duas a correr ao lado dele até à estação de Algés. Ele já vinha a rebentar, vinha à rasca das pernas, mas percebi que a energia dele foi recarregada. Valeu mesmo a pena. Até a miúda esqueceu o calor e a dor nos pés, foi uma valente.

E lá vai ele lá ao fundo



E de volta ao comboio, juntamente com a francesa lol.

Próxima paragem Cais do Sodré. E toca a ir até ao Terreiro do Paço, onde era a meta. Fartamos nos de andar porque era longe. Chegadas lá fomos dar uma volta para perceber onde era o melhor sitio para a mini ET passar a meta com o pai…

Ainda encontramos o N, fresquinho, nem parecia que tinha acabado de correr 42km (e mais qualquer coisa).
E eis que chega o momento, o gajo vinha lá ao fundo. Toca a preparar tudo para o grande final.
Ele passa, feliz, e leva a miúda. Eu sigo do lado de fora a correr que nem uma louca, por um corredor estreitinho, a empurrar toda a gente (peço desculpa se mandei alguém ao chão) até que chego a um sitio onde já não dá para ir mais. Mas consegui vê los passar a meta… 
A NOSSA medalha (sim é dos três)

Que orgulho…


E foi assim a história de uma ET na maratona, foi cansativo…

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

A ET vai aos Abutres!!! Capitulo 1

Eu sei, eu sei, tenho andado depré, mas não se preocupem, não estou suicida. Vou à prova, mas no modo caminhada/apoio. Vai ser espetacular voltar àquela serra que eu adoro… O problema vai ser o stress, porque o meu marido vai aos 30km dos Abutres…

Vou aproveitar para abordar um tema que fica muitas vezes esquecido em muitos blogs running que sigo, o apoio das mulheres/namoradas/amigas coloridas, dão nas provas e os stresses e peripécias porque passam (principalmente quando acompanhadas por filhotes)…

Ahh e nem venham com coisa do tipo “ET, e os maridos/namorados/amigos coloridos??? Eles também apoiam e têm stresses…”
TRETAS!!!

Então, a minha entrada para este mundo louco do running deveu se ao meu marido. Ele começou a treinar com um amigo e de um momento para o outro deixei de estar com ele. Durante a semana treinava e aos fins de semana ia a provas. Eu fazia as minhas caminhadas e acabei por me juntar ao grupo para ter motivo de conversa com o marido, mas comecei pelas caminhadas, porque correr é parvo, pensava eu. Acho que é algo que tooodddaaa a gente, que nunca experimentou correr, pensa…

Depois de experimentar fiquei viciada.

A primeira vez que fui acompanhar o gajo a uma prova (felizmente não me inscrevi) foi ao Louzan 1000, em 2016. Foi a primeira vez que estivemos na serra na Lousã. Foi amor à primeira vista. É uma serra linda, verde, com cascatas de agua por todo o lado, ficamos mesmo apaixonados…
Nesta prova tem que se subir 1025m em 8.5km. Parece fácil, não é?? Nem de carro é fácil, quanto mais a correr ou a andar…



Os atletas partem do Hotel Palácio da Lousã (lindo, lindo, lindo) e a chegada é no ponto mais alto da serra, em Trevim (deslumbrante a paisagem).

Palácio da Lousã

Bonito



Quando chegámos à Lousã no dia anterior e começamos a subir a serra de carro é que o gajo se apercebeu da dificuldade da prova… E eu fiquei cheia de medo, porque tenho pavor a conduzir em estradas estreitas de dois sentidos com falésias brutais… Principalmente quando a filhota vem no carro…




No dia da prova o gajo achou que não valia a pena levar os bastões que o L (o líder do nosso grupo de running) sábiamente emprestou e aconselhou a levar… Sim para quê levar bastões para uma prova onde se sobe 120,6m por km??? Era excesso de peso, de certeza!!! Então os bastões ficaram no quarto do hotel, a descansar…

Quando partiram confesso que fiquei com um pouco de inveja. Assim que consegui peguei na miúda e metemos nos no carro para começar a subir a serra até Trevim.




Ainda mal tínhamos começado a subir, quando nos mandaram parar. Era a passagem dos atletas que nem 1 km deviam ter feito… O nosso carro era o primeiro, por isso eles passavam à nossa frente. De repente aparece o gajo à nossa frente. Ponho me a apitar que nem uma louca, e ele olha para nós com um ar de quem já estava nas ultimas e grita, desesperado:

“OS BASTÕES, OS BASTÕES, ESTÃO NO CARRO????”

“NNOOOPPPP, FICARAM NO HOTEL!!!” – Gritei eu.

A cara de desapontamento do gajo… Xiiii. Lá esboçou a custo um sorriso para a miúda não ficar triste, e desapareceu.

E nós lá começamos a subir, devagar, devagarinho… Quem vinha atrás e com pressa, azares, querem ir depressa, arranjem uma autoestrada!!!!

Passado, sei lá quanto tempo, chegámos ao topo da serra, Trevim, com as ventoinhas eólicas e uma vista brutal. Lá ao fundo até se via a serra da Estrela que estava com o topo branquinho (a prova foi em Março)…

Paisagem brutal

Lindo


Coloquei me num ponto estratégico para o ver a chegar, e esperei… E esperei… E esperei…

- Oh mãe, quando é que o pai vem???

- Deve estar mesmo a chegar. Senta te ai que eu já te chamo…

E esperamos, esperamos, esperamos…

-Maaaaeeeeeee, estou farta de esperar…

E passa o senhor com o cão, o senhor com evidente excesso de peso, a senhora com evidente excesso de peso, e do gajo nada…

Cão atleta e o seu dono

-Maaaaaaaaaaaaeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee??????

Bolas… Será que aconteceu algo ao gajo. A ansiedade e preocupação…

- Maaaaaaaaaaaaeeeeeeeeeeee!!!! QUERO FAZER XIXI!!! – Grita a mini ET!!!

Porra até os veados ficaram a saber que ela precisava de fazer xixi… E agora o que é que eu podia fazer??? Não havia WC, nem sequer um arbusto decente para o servicinho. E claro, ela é uma menina da cidade, que só sabe fazer xixi em sanitas, sabe lá agachar se e fazer o serviço sem se sujar toda…
Quando pego nela para procurar um local adequado, eis que vejo o gajo lá em baixo. “Olha o papá!!”

-ESTOU AFLITINHA, NÃO AGUENTO!!!

Ahhhhhh ansiedade, preocupação, felicidade, irritação, frustração… Tudo numa fracção de segundo… Aguentas pois, tens que passar na meta com o papá!!! Nem sei como, mas aguentou e passou a meta com o pai sem grande stress, porque nenhum deles conseguiu correr até à meta…
E depois pego nela e eis que consigo arranjar um espacinho e é claro xixi por todo o lado…


O gajo foi quase o ultimo a chegar e trouxe um amigo com ele, um pau que fez de bastão. As fotos dele na prova são um fartote, porque parece o pastor com o seu cajado…

Orgulhosa do meu gajo!!

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

ET em modo Depré...

Pois é, às vezes sinto me assim, em modo depressivo, não me apetece fazer nada, não me apetece falar com ninguém, só me apetece ir ao facebook e pôr uma cara triste.

Não sei se é da idade ou dos químicos, pois quem fica sem tiróide, fica sem possibilidade de controlar naturalmente uma série de coisas, como a temperatura do corpo ou o humor, tem que ser por meio de um mini comprimido que se toma todos os dias, ou não porque me esqueço muitas vezes de os tomar...

Nem a  trovoada do outro dia me melhorou o humor, bem melhorou durante um bocado, pois a cada relâmpago que via ou trovão dava um gritinho de alegria, parecia uma adolescente... Ahhh adoro trovoadas...

Nem o facto de ter feito anos na semana passada e ter recebido um monte de mensagens e telefonemas de amigos e família me melhorou o humor... Só me apetecia desligar o telemóvel e meter me na cama. O facto de estar agora no ultimo ano dos "intas" é por si só já deprimente...

Nem o treino que fiz na sexta à chuva me ajudou. Nem tive vontade de saltar nas poças de água...

Nem ter comprado no (ou na???) Ikea, um novo aparador para a minha sala e ter passado o fim de semana sozinha a monta-lo (adoro montar moveis do (da??) Ikea, parecem puzzles) me animou...

Nem ter testemunhado (à distancia) duas pessoas que adoro a terminar juntos a maratona do Porto ajudou, vá por momentos ajudou, mas depois fiquei triste porque era para ter ido, mas (a agenda de uma ET é muito preenchida) não deu, queria tanto estar na meta...
Para o ano não pode falhar...

Ando a ganhar coragem para ir treinar, mas não me apetece calçar os ténis...

Enfim isto há de passar, passa sempre.