segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Trilho das Dores 2017 – Ai ai ai…

Esta quinta-feira que passou, na minha consulta anual de pediatria a minha tensão estava um pouco alta, algo que é estranho para mim porque tenho normalmente a tensão muito baixa. Foi de tal maneira estranho que a médica mediu novamente. Ela os associou valores elevados (15/10) aos nervos (síndrome da bata branca). No sábado voltei a medir a tensão e estava a 14/10, e não estava ninguém de bata branca… Comecei a stressar (ainda mais)…

A noite de sábado foi muito malpassada, dormi muito mal, estava mesmo muito nervosa.

E eis que chega o grande dia (madrugada)… Fomos 7 numa carrinha, o resto do pessoal foi lá ter.
A viagem foi muito animada, sempre na risota, foi excelente para os meus nervos acalmarem.

Chegamos lá e sempre bem dispostos fomos à procura do colega que tinha levantado os dorsais. Na zona da partida estavam uns estudantes de enfermagem a medir a tensão a quem quisesse participar num pequeno inquérito. Eu aproveitei logo… Valores 14/10…
- Vamos repetir? Este 10 está muito alto. Disse a rapariga (futura enfermeira)!!
14/9, ok um pouco melhor, ainda perguntei se deveria participar… Confesso que estava com esperança de que ela me dissesse que era melhor ficar quietinha ou fazer só a caminhada, mas não, ela disse me que não havia problema nenhum em participar… Bolas…

O pequeno almoço foi muito bom, uma mesa farta, fruta, pão, bolinhos, gelatina, cereais… E nós sempre na brincadeira uns com os outros… Foi novamente excelente para diminuir o nervosismo.
Mesa das Dores :)

Estava na hora dos bravos dos 35km partirem. Um desses loucos era o meu marido. Ia com mais 2 loucos da equipa e um amigo. Meia hora depois foi a vez dos 17km, fomos caminhando para a zona de partida sempre na brincadeira, mas acho que todos perceberam que eu estava muito nervosa.
Eis que grito: “vou atacar o ultimo lugar com unhas e dentes!!!!”  O FP que é um colega que parece um militar a falar disse me: “É isso ET, garra, e energia”!!! Acho que todos pensaram que eu ía chegar NOVAMENTE em ultimo lugar… Principalmente eu…

O meu objectivo era chegar antes do meu marido (foi o N que me lançou o desafio) algo que na partida me pareceu quase impossível, mas ia tentar…
A ultima prova que “participei” foi o Trail da Calhandriz. Decidi participar, quando fomos levantar os dorsais no dia antes. É claro que foi uma desgraça e acabei por fazer algo que nunca tinha feito antes, desistir… A ultima coisa que queria fazer nas Dores era desistir, a não ser que não conseguisse andar…

E eis que começa. Logo de inicio comecei a ficar para traz e a distanciar me da AC e da SB, que são normalmente as minhas companheiras de batalha para este tipo de prova. Mas não quis puxar muito logo de inicio. Fui ao meu ritmo, devagar, devagarinho…
Quando dei por mim ia ao pé dos vassouras… Bolas, era a ultima coisa que queria. Puxei um pouco para alcançar quem ia à minha frente. Reconheci logo a senhora que no ano passado foi connosco até aos 15km e que desistiu com a AC. Fui um pouco a falar com ela e com os vassouras (super simpáticos).

Aproveito para apelar às organizações de provas:

NÃO PONHAM VASSOURAS GIROS E SIMPÁTICOS!!
Quase que dá vontade de ir com eles…

Enquanto os vassouras e as senhoras que iam no fim estavam na palheta, eu aproveitei para os passar e lá vai a ET.
Ao chegar ao primeiro abastecimento vejo uma rapariga a ser carregada em braços… Bolas… E lá estavam a SB e a AC a petiscar. Disse lhes que que podiam ir, estava a sentir me bem. Bebi água comi um pouco de marmelada, tomate com sal e toca a ir embora, nem queria ver os vassouras ao pé de mim…

A prova estava super bem marcada. Corri, andei, subi muito, desci muito. Reconhecia alguns trilhos do ano passado, mas pareciam mais fáceis. Dei por mim a pensar que estava mesmo a gostar, mesmo perante trilhos mais difíceis, bolas, aquela paixão que tinha pelo monte (antes das Dores de 2016) estava a regressar. Dava comigo a sorrir ao deparar me com subidas onde o sitio para pôr o pé ficava mais alto que eu… 
Até que… 

Ia a ET a admirar o trilho rodeado por árvores lindas, quando, BANNDUUUU, mega tralho para o chão. Nem sei como caí, nem o que provocou, só sei que quando dei por mim estava à rasca da minha perna esquerda e do joelho direito. Levantei me, lavei a perna e continuei. O joelho estava esfolado mas a perna esquerda doía me um pouco… Mas afinal, estava no trail das dores ou o trail das nuvens fofinhas???
E lá foi a ET, sempre a fugir dos vassouras a ultrapassar quem já estava KO. A partir do ultimo abastecimento fui com a SB. Desta vez a subida dos 15km e dos 18km não faziam parte do trail curto, parece que tudo o que era horrivelmente difícil passou para o trail longo.
Concluindo, a ET acabou com 3h56m, nada mau…E o objectivo?? Alcançado, estive 3,5 horas à espera do meu marido...

E agora perguntam vocês, vais voltar a fazer provas de trail????


Pois… Parece que tenho que voltar às dores. Um dos colegas dos 35km teve que desistir, ele tinha treinado muito, mas não estava à espera de uma prova tão difícil (alguns comparam o trial longo das Dores aos Abutres) e desistiu aos 30… Assim vou ser OBRIGADA a voltar… Para o ano levo equipamento de protecção dos guarda redes de hóquei…

Os gráficos


sábado, 23 de setembro de 2017

Quase que dava para rir...

Mas não consigo...

Ontem foi dia de voltar lá... Aquele sitio, onde até posso ter tido momentos felizes, mas não me consigo lembrar deles, aquele sitio que me arrepia, aquele sitio que só me traz recordações tristes...

Era o dia do check up "à moda antiga", já que há 27 anos que vou lá, tiro sangue de manhã, e de tarde tenho a consulta...
Muita coisa mudou nestes 27 anos(felizmente para melhor), o médico, o local, o nome da consulta, até as cadeiras da sala de espera estão mais confortáveis, mas sinto me sempre da mesma maneira, triste e revoltada... Porquê eu??? Porquê??? Nunca me conformei...

Desta vez fui a primeira a ser chamada, e estava tudo "normal" ou quase... É claro que tinha que haver ETzisses. As minhas constantes cãibras em locais estranhos (pescoço, costas e peito) aparentemente não têm explicação...

No final há sempre, mas sempre a mesma conversa quando marco a consulta do próximo ano:

-Então mãe, a que horas é que quer marcar as análises?

Resposta da ET:
-Sou eu a paciente!! Vê-se bem pelo tamanho do processo, já por aqui ando há uns anitos...

Apesar de terem dado um nome diferente à consulta (DUROS), continua a ser a pediatria, sim a ET, já a caminhar para os 40, ainda tem uma pediatra...

Quase que dava para rir, mas não consigo...

Laço dourado - Na parede da ACREDITAR

terça-feira, 19 de setembro de 2017

A dolorosa...

Não me perguntem porquê, mas a prova de trail fetiche do pessoal da equipa, é o trilho das dores, que se realiza em terras ribatejanas (não, não é na Serra da Estrela, ou na serra da Lousã) mais precisamente nas Abitureiras, em Santarém.
No ano passado foi a maioria do pessoal, só não foi quem não gosta de trails, quem estava lesionado ou quem preferiu fazer meia maratona de Viseu...
Eu que nunca tinha feito uma prova de jeito de trail inscrevi me, claro, ía toda a gente, a ET também tinha que ir.
Depois de em Agosto fazer o TNLO2016 (na altura foi 15km) achei que mais uns 5 ou 6km não iriam fazer grande diferença, fazia as dores na boa...
Mas devo dizer que não foi na boa, mas não foi MESMO, as dores foram DOLOROSAS, pelo menos para mim.
Imagino que para 98% do pessoal achou as dores fáceis, mas para mim não. Ok, vou parar de "dizer" que foi difícil para mim...
Vá, continuando, logo de inicio ataquei a minha posição habitual na classificação, que é o ultimo lugar, mas não foi fácil a concorrência era feroz!!! Vinha num grupo com mais 4 colegas de equipa. Duas delas ficaram KO logo de inicio, era joelhos lixados, pés com bolhas, sei lá mais o quê... Mas nunca desistiram, nem com a nossa insistência... Entretanto "apanhamos" uma senhora que tinha sido abandonada pela equipa. Lá fomos sempre muito devagar, a subir e a descer em passo de caracol, a escorregar, com um calor abrasador. O pessoal que ía mais à frente ligou a dizer que por volta dos 15km havia uma subida horrível, mas por volta dos 18 km, havia uma muito pior, com corda. Nunca mais me esqueço no abastecimento dos 15km estar a olhar para aquela subida à minha frente. Pensei tanta vez em desistir, principalmente quando a AC afirmou que ía ficar por ali. Nesse abastecimento ficou a AC e a senhora da outra equipa. Eu "engoli em seco" e continuei.


Olha a ET, sempre no fim...



Na subida dos 15 km bati com a cabeça numa rocha e mais à frente numa descida fofinha caí de rabo e bati numa pedra. Por momentos pensei que a minha prova tivesse acabado ali. Foi um momento estranho, porque só ouvia a minha cabeça, mas via as minhas colegas a chamarem me, via as bocas delas mexerem, mas ouvia na minha cabeça algo do género:
-"Já te lixaste, como é que vais trabalhar amanha?? Devias de ter ficado no abastecimento com a AC!!"
Foi um momento etezado... Terra chama ET, terra chama ET!!! De repente oiço uma das vassouras que já nos acompanhava, a dizer algo reconfortante:
 - Agora aqui, só de helicóptero!!
Que coisa fofa de se dizer. E oiço a uma das minhas colegas a gritar me; "ET, LEVANTA TE!!! OLHA PARA MIM E LEVANTA TE!!!"
Bolas, eu levantei me, não tinha hipótese... Durante uns dias custou me sentar me, mas levantei me e continuei.
Ao chegarmos à famosa subida das cordas, já íamos tão assustadas que parecia que íamos escalar o monte Evereste... Quando cheguei lá acima, fiquei tão emocionada que confesso que houve uma lágrima sacana que escapou...
O final foi estranho, tinha vontade de correr, mas não podia deixar as minhas companheiras de batalha. Fomos a caminhar devagar, sobre um sol abrasador.
Quando passei a meta, prometi a mim mesma:

NUNCA MAIS VOU PARTICIPAR NESTES TRAILS LOUCOS!!!


É claro que voltei a inscrever me, na condição de a AC terminar aquilo este ano.

E depois das Dores 2017:


NUNCA MAIS VOU PARTICIPAR NESTES TRAILS LOUCOS!!!

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

TNLO – Silly season

Para mim sempre que falam do mês de agosto, lembro me logo dessa expressão. Parece que fica tudo louco… 
É carros na faixa do meio da A1 a 50km à hora, carros “tunning”com matriculas estrangeiras a 120km no meio das localidades a passar nas lombas, é ETs a fazerem trails sem preparação…

Pois, agosto é sempre mês de jantaradas, poucos treinos, e a meio um ou outro trail…

Em 2016 o TNLO foi o primeiro trail a sério que fiz. Foi até engraçado (na altura não achei piada nenhuma) porque o meu marido virou se para mim e disse que se tinha inscrito no trail longo, e aproveitou e inscreveu me no trail curto (em 2016 foram 15km).
- Então e quem vai da equipa???
- Vou eu e tu!!! “responde o gajo.
Só me apeteceu apertar lhe o pescoço… Então inscreve me para fazer 15km à noite, sozinha e nem me pede opinião... Era efeitos da “silly season”, só podia…

Lá comprei um “frontal” numa dessas lojas de desporto, que é claro não iluminava nada (again silly season) e um cinto para uma garrafa maior… O trail longo partiu primeiro, e de repente dei por mim sozinha no castelo de Óbidos, à noite a olhar para todos aqueles atletas (ou com aspecto disso)… E eis que começa a aventura…

Foi espectacular, adorei ir sozinha, ao meu ritmo, foi pena não ver grande coisa (prometi a mim mesma que ia arranjar um frontal a sério). A uns kms do fim deparei me com um “túnel” de canaviais. Estava completamente sozinha e não queria entrar ali sem companhia. Então voltei para trás ate encontrar duas pessoas que por acaso são de uma equipa vizinha. Fui com eles até quase ao fim, porque à chegada à vila senti uma energia extra e eles não conseguiram acompanhar me. Demorei 2h58m, foi brutal para uma ET como eu…

Este ano aumentaram as distancias, 21km para o curto, 42 para o longo. Então combinei ir com o meu marido aos 21km (silly, silly, silly), e digo vos, que foi HORRÍVEL… Sim foi uma prova para esquecer… Ir com uma melga durante 21km a chatear, é muito mau…

“Então mas já estás cansada, depois de fazeres esta subida com uma inclinação enorme…” “Mas como é possível doerem te os joelhos a fazer descidas tipo downhill…” “E não corres??” “Tás parada a beber água???”

AHHHHHHHH parecíamos o Statler e o Waldorf dos marretas, a discutir às escuras (sim estávamos na silly season, por isso não comprei um frontal decente) no meio do monte…

Statler e Waldorf

Foram 5 horas de tortura, sim demoramos 5 horas para fazer 21km… É claro que não estava nada, nada preparada para uma distancia tão grande, até porque passei o mês todo com a ideia de que era uma prova de 17km (nas Dores é que vão ser 17km) e não treinei nada de jeito.

No final fomos fazer uma massagem, onde levei uma sova da massagista.

Foi para aprender… Ou não???