É agora, é agora que vou falar da “caminhada”, da senhora caminhada, que houve na prova dos Abutres, mas que senhora caminhada, caminhada com “C” grande…
Depois da prova do gajo, e enquanto ele tomava banho,
aproveitei para olhar como deve ser para o livro da prova, na parte da
caminhada. Foi então que vi:
- 1050 de desnível negativo??? Numa caminhada de 12km????
Espera lá, isto é a descer a pique!!!! Deve ser em estradão, sem stress…
Antes do jantar ainda fomos matar saudades do Talasnal…
Continua lindo e mágico, com o maroto gato zarolho a pedir festas… A descer a
serra para a Lousã, um javali atravessa se na estrada como se estivesse
habituado aos carros a passar por ali. Felizmente não o atropelamos, foi um
misto de pânico e fascínio...
No domingo da Srª. Caminhada (respeitinho) acordei cheia de
frio e dores de cabeça. Um par de Ben-u-rons, umas camadas de roupa, buff dos
Abutres na cabeça e estava pronta.
O carro estava com uma camada gigante de gelo. Estivemos um
tempão para retirar o gelo todo, estava mesmo muito frio.
Quando chegamos a Miranda do Corvo, fui logo para o
autocarro que nos levaria até ao local onde ia começar a “Sr.ª Caminhada”.
Enquanto estava sentada a aguardar que o autocarro começasse a andar, vi que o
gajo estava a falar com alguém… Aparentemente da organização… Volta e meia
olhava para mim e fazia caretas de assustado e tentava avisar-me. Percebi que
ele dizia:
- LAMA, LAMA, LAMA…
Lá está ele a tentar assustar me ahhh ahhh ahhh… Lama era no
trail, na caminhada (mau, Srª Caminhada) não há nada disso, há estradões largos
e fáceis...
Tentei perceber o “grau de profissionalismo” dos caminhantes à
minha volta, mas estava tudo sentadinho…
Entra então um senhor de cabelos brancos e bigode farfalhudo, com
um bastão à moda antiga (de madeira). O senhor tinha ar de que conhecia a serra
como a palma das mãos, sabia onde estavam todas as pedrinhas, todas árvores, todas as silvas…
E lá fomos nós, sempre a subir, a subir, a subir cada vez
mais… Até se sentia o motorista a pôr “uma abaixo”. Houve um momento que
parecia que o autocarro não tinha mais mudanças, que não conseguia subir mais, foi nessa altura que
encomendei uma reza e a missa pelos meus joelhos…
Lindo |
O Geodésico lá da zona |
Tive que roubar umas fotos à organização da prova. O Sr. Zé foi incansável |
É bonito, não é??? |
A ET algures... |
Lindo, aliás toda a caminhada (ai, ai, a Srª Caminhada) foi feita em locais deslumbrantes, as fotos não fazem justiça à beleza da zona, nem mostram a pureza da água ou o som da água nas cascatas, ou dos pássaros ou os cheiros, cheirava a ar puro, e a flores. Maravilhoso, fiquei ainda mais apaixonada por aquela serra...
Havia todo o tipo de caminhantes, desde pessoas com aspecto profissional, com um bastão (??? porquê um), pessoas que achavam que iam descer a serra pela estrada de alcatrão, pessoal que tinha feito o trail no dia anterior e iam também à caminhada apoiar a mulher, grupos de mulheres faladoras, e uma ET, com os ténis sujos de lama (desisti de lavar os ténis por fora) e um monte de camisolas vestidas...
Houve um "briefing" e começa a Srª Caminhada. Por single tracks de lama (ainda soft) e gelo, sempre a descer, a descer, a descer... E as paisagens... Já falei nas paisagens deslumbrantes??
É preciso legenda??? |
Sempre a descer... |
Havia caminhos que os poderia fazer a correr, mas não estava para ai virada. Queria desfrutar e fazer aquilo nas calmas. E ver as paisagens...
Cheguei a uma descida que me fez lembrar algo... Até que percebo, estava na zona onde há uns meses o gajo se perdeu... Estava a chegar a Gondramaz, esta descida tinha que a fazer a correr... Que bem que soube... E a paisa
CORRE ET!!!!!! |
Nem fazia ideia de que ia passar em Gondramaz... Tive uma pequenina esperança de ver o gajo algures, com um sorriso, à minha espera, mas não, a essa hora devia de estar a dormir, ou no café a ler o jornal...
Havia um abastecimento lá (não fazia ideia), no mesmo sitio do abastecimento do trail, em frente à casinha do México... Que coincidência, não é?? NÃO!!!!!!!
Comi umas tostas com manteiga de amendoim, tomate com sal, e fui embora. Afinal agora a descida ia ser por aquele estradão onde há uns meses tinha estado, ia ser fácil...
A ET a ir embora de Gondramaz!!! |
Foi então que começou a descida, não ao inferno, porque a paisagem era linda... Já falei
Ou seja agora estávamos a fazer o percurso do trail, a descer por pedregulhos secos, pedregulhos com lama, pedregulhos com água, pedregulhos com musgo escorregadio, descidas a pique de deixar a cabeça de uma ET a andar à roda (pois, eu tenho vertigens). Perdi a conta das pontes de madeira escorregadias por onde passei, os troncos a fazer de ponte, as descidas com cordas, as descidas de rabo, sim eu tenho as pernas curtas... Felizmente havia sempre uma mão, um ombro, umas costas onde me pude apoiar...
O som da água a passar era calmante. Havia alturas em que parava e ficava a admirar a paisagem maravilhosa, a ouvir o som da água, a cheirar (snifar) a natureza... Que maravilha, quem me dera poder fazer aquilo todos os dias...
Falei com um senhor (que me apoiou numa descida tipo escalada) que trabalha na Câmara Municipal de Miranda e que anda pela serra a arranjar os trilhos, as pontes (sortudo) e que me dizia que costuma beber água directamente dos riachos...
Demorei uma eternidade para fazer aquela parte do trajecto...
No abastecimento em Espinho havia sopa, bifanas, minis... Estão a perceber porque é que foi uma Srª Caminhada???? Foi bruta em todos os sentidos, até nos abastecimentos... Mais tarde o gajo (invejoso) disse me que não viu bifanas nem minis nesse abastecimento!! Ahhhh TOMA!!!!
Com a barriga cheia, pus-me a caminho para a 3ª parte... A parte da LAMA!!! No dia anterior tinha ouvido relatos de um mar de lama, havia lama até aos joelhos, dramas...
Pois... Havia mesmo muita lama, um riacho de lama. Como não estava com vontade de fazer SPA, lá fui agarrada às árvores, com cuidado para a lama não passar para dentro dos meus ténis.
Vou explicar, os meus ténis são impermeáveis, mas mesmo impermeáveis... Não entra nada, nadinha, o problema é que também não sai... E se entra água por cima, estou desgraçada, porque fico com os pés a boiar nos ténis...
Aquela parte da lama era rodeada por uns canais de água, então para fugir à lama enfiava me nos canais, já que o nível de água era baixo.
Conclusão, safei me, sem tralhos, sem mascara de lama na cara e com os pés sequinhos, prontinha para ultima parte da prova, o alcatrão... E aqui tirei a barriga da miséria e corri... Até que... Olha é o gajo lá ao fundo... E senti o coração mais quentinho (alerta de lamechice), uma felicidade gigante e um alivio, estava feita, a Srª Caminhada... Não deu para correr muito, pois o gajo estava de rastos da porrada que tinha levado no dia anterior... Gajos...
Obrigada Abutres!!!
Muitos parabéns pela Srª Caminhada que tanto prazer te deu!
ResponderEliminarSó fiquei decepcionado com uma coisa aqui neste texto. É que não falaste nas paisagens... Como é que eram? :)
Beijinhos
"Se fosse a subir era bem mais fácil." :)
ResponderEliminarPelo menos viste as paisagens ou foste a um ritmo demasiado elevado para conseguires desfrutar do que te rodeava? :D
Beijinho!
Muito bom! Penso que conheço o caminho todo, desde o observatório até Miranda. A parte a seguir a Gondramaz é realmente muito dificil! Grande fim de semana que tiverem.
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